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O paciente, o médico e a fé

Não é possível acreditar e aceitar apenas no que se vê com olhos físicos. Assim é o dia-a-dia dos profissionais de saúde, em especial o profissional médico, que percebe situações que não consegue concretizar nem mesmo em palavras. Mas é preciso interesse. Pode-se inferir que a amorosidade e o compromisso com a saúde e com o doente o levem a isso. No entanto, o risco de fantasiar ideias de perfeição e de superioridade pessoais podem afastá-lo da realidade. Percebe-se, como em qualquer profissão, que médicos amáveis não são necessariamente amorosos. É imperativo que a percepção se volte para todos os níveis de atenção, que envolvem o físico, o psíquico, o social e o cultural. É preciso que o médico enxergue o paciente, e não exclusivamente a doença. O comportamento amoroso não é facilmente definido, mas aproxima de Deus aquele que o manifesta, muitas vezes fora de sua percepção consciente. É o comportamento que respeita o tempo, não dando chance para falta de piedade. É compassivo e, unido à capacidade técnica de cuidar da vida, torna-se benéfico.

Assim como as corças, que percebem o lençol subterrâneo de água, mesmo a vários metros da superfície, também o homem, criatura de Deus, pode pressentir o modo correto de agir, mesmo que não encontre em livros, ou em sua experiência, a resposta adequada às diferentes situações. Pode, intimamente, pedir orientação a um ser superior e a recebe, desde que haja humildade, compaixão e fé.

“A fé é um modo de possuir, desde agora, o que se espera, um meio de conhecer realidades que não se veem” (Hebreus 11.1). Assim, o sentimento que invade ações e pensamentos de profissionais médicos, que visam ao socorro, à cura, ao bem-estar do próximo é, exatamente, uma manifestação de fé.

(Trecho extraído do TCC em Teologia da autora do blog, 2021)

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