Acordei com vontade de caminhar, mas não em lugares costumeiros. Um dia de muito sol, mas pouco calor. Estacionei o carro e fiquei na dúvida: seria um local seguro? Fui saindo do carro enquanto pensava e logo já havia andado quase cem metros. Foi quando um senhor idoso, a minha frente, chamou minha atenção, e não pensei mais no carro. Sozinho, ele caminhava lento e olhava com frequência para trás, como se precisasse conferir sua sombra. Boné enterrado na testa, e mãos com uma oscilação discreta, faziam dele uma figura intrigante. Não precisei acelerar o passo para alcançá-lo e ele pareceu balbuciar alguma coisa. Não devia ser comigo, talvez ele estivesse rezando ou cantando baixinho. Ele ficou para trás, e percorri o caminho intencionado. No retorno, acabamos nos deparando e ele me parou: Você viu? Preciso caminhar todos os dias para incentivá-la a fazer exercícios! Incentivar quem? Eu? Ele se irritou: claro que não, minha esposa! Vamos amor meu, esse lugar não é mais seguro como antes! Meu carro continuava o único no local estacionado e, no para-brisas, uma multa.
top of page
bottom of page
Comments